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quinta-feira, 10 de março de 2011

A CONSTRUTORA IBM

Empresa faz acordos para oferecer infra estrutura tecnológica para os compradores de casas e apartamentos

Por Manoel Fernandes - Isto É Dinheiro

Parte de um setor da economia nacional guarda uma distância envergonhada da tecnologia. São as construtoras que fazem empreendimentos residenciais. Ao contrário das companhias voltadas para o mercado corporativo que incorporam novidades a cada lançamento, quem vende direto para o consumidor ainda é refratário ao uso de tecnologia em seus negócios. Essas empresas são hoje o alvo de um ambicioso plano da maior companhia de tecnologia em operação no país, a IBM. A multinacional americana quer colocar seus produtos e equipamentos nos prédios e condomínios de casas em construção no Brasil. É mercado que movimenta cerca de R$ 90 bilhões por ano. Só em janeiro deste ano, a oferta de apartamentos e casas nas sete maiores capitais foi de 26 mil unidades. Mais da metade em São Paulo, com 14 mil unidades. “Tecnologia agrega valor à venda”, afirma Flávio Veríssimo, gerente da divisão da IBM Brasil encarregada de fazer o contato e prestar o serviço para as construtoras.

A estratégia da IBM é levar para o mundo residencial o modelo do prédio inteligente, algo tão comum no mercado corporativo. A companhia quer ajudar as construtoras a transformar os prédios e casas em sofisticadas redes de informação, como acontecem nas médias e grandes empresas. Com uma infra estrutura desse nível, os moradores terão à disposição uma quantidade de serviços só encontrados em grandes corporações. A primeira etapa desse projeto começa ao final da obra. Os técnicos da multinacional passam centenas de metros de cabos pelos apartamentos ou casas. Em seguida vem a preparação para receber internet da banda larga e intranet, sistema de acesso restrito aos moradores que pode ser usada para uma série de atividades. Da reserva do salão de festas até a comunicação com a portaria central.

Até aqui esses serviços são custeados pela construtora. Com tudo preparado, a IBM oferece para o comprador a possibilidade de automação de todos os equipamentos domésticos que podem
ser ligados à eletricidade. Com esse recurso, o proprietário liga e desliga os itens de qualquer lugar do mundo apenas por comandos através da internet. É um investimento que começa em R$ 8 000 e tem o céu como limite. Tudo depende do orçamento de quem compra. “Quem não investir em tecnologia certamente ficará fora do mercado nos próximos anos”, afirma Gilberto Cardoso, diretor da construtora Pedra Forte.


A divisão da IBM para atender essa demanda existe há quatro anos, mas só nos últimos tempos passou a ser mais conhecida entre os construtores em função de alguns contratos fechados com grandes empresas como a paulista Gafisa. Uma obra com essa teia tecnológica fica pelos cálculos da IBM até 5% mais cara que um projeto tradicional. Por exemplo, um comprador de apartamento de 100 metros quadrados pode desembolsar mais R$ 15 000. “O desafio é equilibrar a inovação com o bolso do cliente”, diz Marcelo Junqueira, diretor da Gafisa.

A solução encontrada pela Gafisa para esse problema foi se aliar a IBM em projetos de alto luxo e buscar opções mais baratas para os empreendimentos de médio porte. Clientes de prédios acima de R$ 500 mil a unidade gostam de uma marca forte e inovações na hora de fechar o negócio. Já os consumidores de médio porte querem tecnologia, mas têm poucos recursos para investir. Dos 20 lançamentos da Gafisa programados para este ano em São Paulo, dois serão com a IBM e quatro com a Baos, um parceiro tecnológico de Campinas, no interior de São Paulo. Nos projetos da Gafisa ainda sobre a mesa dos arquitetos está previsto que todos os prédios terão algum grau de sofisticação tecnológica. A idéia é não perder o bonde. Muito menos os clientes interessados em morar em um lugar com charme e inteligência.

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