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sábado, 18 de dezembro de 2010

Mercado aprova compra da Diveo pelo UOL

Anunciada na terça (14/12), aquisição da companhia deverá agregar receita e permitir aumento de escala no segmento de data center

Por Lucas Callegari, da Computerworld

O anúncio de que o UOL irá comprar a norte-americana Diveo Broadband Networks, que atua nas áreas de data center e webhosting, foi bem recebido pelo mercado. Na opinião de analistas, o negócio agrega receita ao UOL em segmentos que estão crescendo fortemente, além de proporcionar ganhos de escala. Somente ontem, quando o UOL informou sobre a aquisição, as ações da empresa subiram 5,15%. Segundo o comunicado, que não revelou o valor do negócio, a compra será realizada por meio da subsidiária DH&C, que também atua nos segmentos de webhostings e data center. Para o analista da Flow Corretora, Diego Meira Coelho Aragão, o negócio é positivo para UOL porque a empresa está adquirindo um ativo de um mercado que vem crescendo fortemente.
“O UOL comprou uma empresa  que é maior que a operação DH&C. Recentemente o UOL informou que possuía mil clientes corporativos e as estimativas são de que a Diveo tem entre 1,5 a 1,6 mil clientes. Além disso, o segmento cresce com taxas anuais de dois dígitos e há uma diferença na rentabilidade. É um segmento com uma margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior que a do UOL”, afirma Aragão.
Segundo o analista, nos Estado Unidos empresas de capital aberto com perfil da Diveo tem uma margem Ebitda ao redor de 30%, acima dos 23% que UOL reportou entre janeiro e setembro de 2010.
“Foi uma aquisição estratégica que permite ampliar a base de clientes”, reforça o analista da corretora SLW”, Cauê de Campos. “A aquisição possibilita brigar com os grandes. A empresa não é líder em webshosting mas está entre os primeiros do segmento. Em data center não tem uma representatividade grande e é um mercado ainda inicial para eles.”
Risco X oportunidades
Aragão destaca que o negócio vai proporcionar ao UOL alavancar receita e é uma oportunidade para obter sinergias. “O UOL poderá oferecer os serviços complementares que são oferecidos pelo grupo, aos clientes da Diveo", diz ele.  "Além disso, no mercado de infraestrutura de TI a escala faz diferença e a junção das operações permitirá redução de custos administrativos, além de também melhorar as condições de negociação com fornecedores”, informa o analista da Flow que adverte, porém, sobre os riscos da operação. “O outro lado deste negócio é que o UOL está adquirindo uma operação maior que a DH&C. Isto implica em um risco de execução, o que poderia significar maiores dificuldades em alinhar as estratégias das duas empresas.”
Especialistas comentaram a estratégia recente do UOL em relação à aquisições. Após sua IPO (sigla em inglês para Oferta pública inicial), realizada no final de 2005, a empresa não teria realizado aquisições de grande porte. Esta política já foi bastante criticada pelo mercado. Em novembro, durante uma reunião com investidores, o diretor financeiro e de relações com investidores, Miguel Longo Júnior, admitiu que o UOL tem uma política de investimentos “conservadora”, que se restringiu a uma série de aquisições de pequeno porte nos últimos três anos. Porém justificou a estratégia: "Nos sempre olhamos as alternativas de aquisições. Porém os preços oferecidos de algumas empresas que nos interessariam não foram vantajosos."
"O mercado bateu bastante pelo fato da empresa não ter usado o caixa. A empresa tem sido conservadora e optado pelo crescimento orgânico", analisa Campos da SLW. E o mercado puniu os preços das ações que em 2009, por exemplo, subiram 28,9%, ante uma valorização de 82,7% do Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa.
"Não acho ruim a estratégia, pois a empresa tem apresentado rentabilidade. Acontece que as pessoas não aprovaram, o que impactou nas ações”, comenta Campos. Segundo ele, o valor da aquisição da Diveo deve seguir a linha das anteriores, representando um percentual baixo do caixa líquido da companhia, que era de 490 milhões de reais no final de setembro.
O analista da Flow discorda. "Minha expectativa é que a aquisição deve consumir uma boa parte do caixa, mas a expectativa é de que o pagamento não seja realizado a vista.”
Segundo Aragão além de não ter sido muito agressivo em relação à aquisições após o IPO, outro fator que é criticado no mercado é o fato do UOL ter uma política de distribuir 1% do lucro em dividendos, um percentual muito baixo. "Estes fatores penalizam as ações da empresa. Os múltiplos do UOL estão bem abaixo em relação a companhias semelhantes que estão listadas em bolsa no exterior. O múltiplo EV/Ebitda (valor de mercado acrescido do endividamento líquido dividido pelo Ebitda), por exemplo, é duas vezes menor que o de empresas de internet que atuam no exterior. Mesmo levando em consideração que estamos num mercado emergente o múltiplo do UOL é baixo”, informa Aragão.
O analista da Flow também chama a atenção para a insatisfação do mercado com a transparência na divulgação de informações. “Um exemplo disso foi o comunicado sobre a compra do Diveo, e ainda não ficamos sabendo o valor do negócio”.
Todavia, Aragão e Campos informam que os fundamentos do UOL são positivos. “É uma empresa que atua em duas áreas com crescimento acelerado, publicidade e infraestrutura de TI, que tem apresentado crescimento acelerado e não tem um ambiente competitivo que prejudique as margens”, afirma.
“Acho que eles têm conseguido um crescimento bom a aumentado sua participação nos mercados em que atua. Neste ano as ações tiveram uma valorização de 32%, ante apenas 0,22% do Ibovepa”, conclui Campos.

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