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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O que faz um profissional de usabilidade?

Explicar o trabalho do profissional de usabilidade

Nosso amigo não conseguia explicar em poucas palavras o seu trabalho. Até que um dia uma amiga matou a charada: Ah, ele deixa as coisas mais fáceis.

Por Feliphe Lavor

“Quantas usabilidades você faz por dia?”

Sim, já ouvi essa pergunta. Na hora me pareceu surreal a ideia de alguém identificar usabilidade como um produto específico, como se fosse uma tela ou um documento. Mas a pergunta insólita me fez lembrar uma questão muito importante que nós, profissionais de usabilidade, muitas vezes nos esquecemos: as pessoas ainda não sabem o que é isso. Ponto. Está melhorando, é verdade, mas a falta de conhecimento ainda é grande.

E esse termo é um dos mais básicos da disciplina. Agora, imaginem o que não se passa na cabeça das pessoas quando ouvem expressões como: UX, design de interação, thesaurus, taxonomia multifacetada, wireframe, piou. Sim, piou, de “PO – Product Owner”. Porque até isso já ouvi em uma reunião com o cliente. “Quem é o piou desse projeto?”. Como assim “piou desse projeto”???

Eu ainda sou muito jovem, mas quando olho para trás vejo que, no fundo no fundo, eu não escolhi trabalhar com usabilidade. Acho que ela veio sem avisar. Eu tenho tanto cuidado em me fazer ser compreendido que essa preocupação acabou se tornando o meu foco de atuação.

Ironicamente, eu sempre tive um pouco de dificuldade para explicar o meu trabalho para pessoas de outras áreas. Até que um dia uma amiga resolveu a charada. Alguém perguntou para ela “O quê que o Feliphe faz?”.

A resposta: “Ah, ele deixa as coisas mais fáceis.”

Putz… adorei essa frase. Se tivesse pensado nisso antes teria poupado muito tempo da minha vida tentando explicar “o quê que o Feliphe faz”. Mas é exatamente isso, eu me preocupo em deixar as coisas mais fáceis.

Claro que depois disso comecei a usar a frase pra cima e pra baixo.

E hoje compreendo mais as pessoas que não entendem o meu trabalho. Pois o que mais vejo é o “pessoal de usabilidade”, que também deveria estar deixando as coisas mais fáceis, escrevendo relatórios incompreensíveis, montando apresentações super confusas e fazendo discursos prolixos.

E fico me perguntando “Será que essa pessoa sabe mesmo o que é usabilidade?”. Porque posso estar errado, mas a bendita não deveria estar em tudo que a gente faz? Ou a pessoa quando está pensando em uma interface liga o modo “usabilidade” e depois, no resto do dia, desliga? É assim que funciona? Confesso que não entendo.

O Rilke tem uma frase que acho genial, no “Cartas a um Jovem Poeta”: “Basta sentir que se poderia viver sem escrever para já não se ter o direito de fazê-lo.” Brilhante. Acho que isso deveria ser aplicado em todas as áreas de trabalho, pelo menos para quem não quiser ser um profissional medíocre. Acha que poderia viver sem usabilidade? Então amigo, por favor, não trabalhe com isso.

Se você for profissional de usabilidade e não conseguir se comunicar bem, sinceramente, sugiro que tente mudar isso. Vá fazer um curso de oratória, redação, teatro, alguma coisa que te estimule a se fazer claro.

Acho que pode ajudar. E se você não trabalhar com usabilidade, mas tiver muita preocupação em ser didático na hora de montar uma apresentação, escrever um email ou contribuir em uma reunião, tenho uma novidade: você trabalha com usabilidade sim. Talvez até mais do que a gente. [Webinsider]

Um comentário:

  1. “Quantas usabilidades você faz por dia?”
    Fala sério, quando li, pensei UOTI????

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