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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Quem deve escolher o Samsung Galaxy Tab?

por Bia Kunze


O Galaxy Tab chegou atropelando o iPad no Brasil. Apesar do aparelho da Apple ter reinado absoluto durante 6 meses, sem concorrência, o fato do Tab ter chegado oficialmente um pouco antes do iPad pode impactar positivamente. De fato, a Samsung colocou poucas unidades no varejo brasileiro, talvez não apostando tanto que o brasileiro esteja pronto para os tablets. O resultado: tá difícil achar o bichinho! Nas operadoras, a mesma coisa: na Vivo, ele chegou em uma única loja de cada capital da região sul e esgotou-se rapidamente.
Tive o Tab em mãos e o achei sólido, bonito e mais pesado do que esperava. O que é bom: eu imaginava um aparelho com acabamento mais simples, de plástico, como o smartphone-irmão Galaxy S. A “leveza” do S pode ser boa dentro do bolso, mas nas mãos, a empunhadura fica um pouco prejudicada. De resto, o Tab é um S crescido: tem 3G, wifi, GPS, Android 2.2, tela de 7″ (com resolução de 1024 x 600 pixels), memória de armazenamento de 16 ou 32 GB, câmera de 3 MP e flash, bateria de 4000 mAh, TV e telefone!
O Tab é na verdade mais um “celularzão” que um tablet para navegação, porque o chip de dados também funcionará para chamadas e SMS. Portanto, se você deseja um tablet e é do tipo que fala bastante, lembre-se que deverá andar com um fone sempre a tiracolo para não ter que pagar mico usando o viva-voz. Porém, se você é do tipo que fala pouco, gosta mais de navegar e mandar SMS, e não larga dos seus gadgtes, dá até para dispensar o smartphone convencional e convergir só para o Galaxy Tab.



Mexi um pouco no navegador e no leitor de ebooks Aldiko. E me deparei com um problema relacionado ao tamanho da tela. Confesso que achava o iPad grande demais, e que o Galaxy Tab, com dimensões reduzidas, seria o dispositivo perfeito para “morar” na minha bolsa. São 9.7 contra 7 polegadas. E em centímetros, as dimensões na diagonal são 22,8 contra 17,7. Tenho um Kindle 2 e um Alfa, que se revezam na minha bolsa, e o tamanho e formato deles são perfeitos — exceto para PDFs.
E parece que Steve Jobs tem mesmo razão a respeito das telas de 7 polegadas. Notei que, no Tab, eu teria problemas para manusear PDFs. Para enxergar uma página inteira na tela, com boa nitidez e tamanho confortável de fonte, é preciso ficar dando scroll, o que é bem chato. Portanto, já vou avisando àqueles que tem coleções enormes de PDFs e ainda não acharam seu eReader perfeito: o iPad e o Kindle DX continuam sendo as melhores opções.
Felizmente formatos mais amigáveis estão se tornando padrão em ebooks, deixando o desajeitado, pesado e ultrapassado PDF à revelia. O ePub deve se consolidar nos apps de livrarias, e foi uma boa surpresa encontrar um app da Livraria Cultura nativo no Galaxy Tab! Em breve os livros da loja poderão ser baixados e lidos à maneira do app do Kindle (presente em uma quantidade respeitável de plataformas) e da Saraiva (só iPhone e iPad por enquanto).
Segue a lista completa das especificações técnicas:
  • Dimensões: 188,8 x 120,3 x 11,4 mm (379g)
  • Tecnologia: HSUPA 5.76Mbps (850/2100MHz) EDGE / GPRS (850/900/1800/1900 MHz)
  • Display: 7.0″ WSVGA TFT (1024 x 600)
  • Câmera fotográfica: 3MP AF + 1.3 MP
  • Conectividade: USB 2.0, Bluetooth 2.1, Wi-Fi
  • Sistema Operacional: Android™ Froyo 2.2
  • Teclado: tradicional e Swype
  • Áudio: MP3/ AAC/ AAC+/ eAAC+/ WMA/ RA
  • Rádio FM com RDS/ Modo Off-line/ Viva-Voz
  • Vídeo: MPEG4/ H.263/ H.264/ WMV/ RV/ DivX/ Xvid
  • A-GPS, acelerômetro
  • Bateria: 4.000 mAh
  • Memória interna de 16GB expansível por cartão microSD
  • Capacidade máxima de memória: 32GB
  • Kit básico inclui além do aparelho, bateria, fone de ouvido Bluetooth e cabo de dados USB
Na parte de software, acompanha:
  • Livros pré-embarcados: Business, Série Profissões – Folha de SP, Série Aplauso – Livraria Cultura, Clássicos, Página Web “Livros Digitais Gratuitos” com links para milhares de ebooks gratuitos na web.
  • Aplicativos: TouchWiz 3.0 for Android Multistage, Augmented Reality, Face Recognition, Livraria Cultura com acesso à loja de livros físicos, com self-update (dará acesso aos ebooks).
  • Layar, um browser de realidade-aumentada.
Design e acessórios
Uma boa notícia: não será preciso gastar com acessórios para extrair o máximo do Galaxy Tab. Além do cabo com adaptador de tomada, ele vem com uma capinha e dois fones de ouvido: um estéreo, com fios, e um bluetooth, pequenino, para atender às chamadas.
Samsung Galaxy Tab 

A capa é de primeira, de couro, bem trabalhada, deixa o tablet bastante discreto, parecendo um livro. Mesmo assim, eu daria uma sugestão aos fabricantes de capas: criar um modelo alternativo com um pequeno visor frontal, para o usuário identificar quem está ligando sem ter que “abrir o livro”. Nos momentos ociosos, pode-se deixar um visível um widget de relógio, por exemplo. Lembram da tampinha do Palm m100?
Mesmo assim, o problema pode ser parcialmente contornado atribuindo toques específicos aos seus contatos, permitindo identificação sonora.
Diferente dos tablets xingling que estão aparecendo por aí, o Tab não tem aquele acabamento plástico barato, frágil e excessivamente leve. É muito bem constituído. Graças à tela de 7″, ele é mais portátil que um iPad, cabe nas bolsas femininas menores, ou num canto da mochila, como se fosse um livro comum.
Adaptação dos apps na tela de 7″
Uma excelente descoberta, que de cara fez o Tab subir uns 1000 pontos no meu conceito. Os apps disponíveis do Market ficam muito bem adaptados na tela de 7″, e não apenas os nativos. Para me certificar disso, baixei e instalei apps aleatórios, como leitores de notícias, apps esportivos, de lazer e produtividade. A renderização foi perfeita, com ótima qualidade, leitura confortável e comandos bem posicionados. Acho que se a tela fosse de 10″, como o iPad, não ficaria tão legal: tudo ficaria muito grande, com aproveitamento de espaço ruim.
Samsung Galaxy Tab Samsung Galaxy Tab

Acima, duas fotos do Tab exibindo telas do aplicativo NewsRob, um leitor de RSS. Clique sobre as imagens para ampliá-las.
Claro que, mesmo assim, os desenvolvedores poderão adaptar seus aplicativos para aproveitar a telona ao máximo, inserindo mais informações. Aliás, isso já está acontecendo: o Fuze Meeting, o Wall Street Journal e o brasileiro Folha.com são apps específicos para Androids em tablets.
Ainda assim, diferente do iPad, toda a gama disponível no Market já é utilizável de cara. Não será como no iPad, onde os aplicativos não-adaptados continuam do tamanho do iPhone, ficando encolhidos no centro daquela tela enorme. Apesar da vantagem de quase um ano da Apple, o Tab ganhou um tempo precioso com isso. Não sei ainda como é nos demais tablets Android que estão despontando.
Portanto, àqueles fanáticos por Apple, que dizem que o Tab é um excelente hardware mas não tem um software tão bom quanto o iOS, retruco dizendo que não é bem assim. O Android 2.2 pode não estar pronto para tablets, como o Google atesta, mas isso não é o fim do mundo como cheguei a achar antes de mexer no Tab. O déficit de usabilidade perto de um iPad com iOS 4.2 é menor que imaginei. Desculpem, mactarados, o campo de distorção da realidade não funcionou comigo :)
Escrita
O teclado é o mesmo dos Androids pequenos, com direito a Swype. Portanto, fica espichado nas mesmas proporções. Usando-o horizontalmente, você digita sem maiores entraves. Como ele não reproduz o tamanho de um teclado convencional, evidentemente, você precisará de alguns dias para se adaptar.
Samsung Galaxy Tab 

Leitura
Com certeza muitos querem um tablet para ler ebooks. Aqui, o usuário poderá ter sensações antagônicas, aprovando ou não a tela de 7″. Ler ebooks é delicioso no Tab, que é menor e bem mais leve que o iPad. Ao contrário do tablet da Apple, dá para ler com grande conforto com uma só mão, sem precisar colocá-lo no colo ou numa mesa. Ou seja, no formato, está mais para um Kindle.
Samsung Galaxy Tab Samsung Galaxy Tab

Nas imagens acima, o leitor de ebooks: formato de prateleiras, semelhante ao iPad, e visualização da página de um dos livros que acompanha o produto. Clique sobre as fotos para ampliá-las.
O problema pode vir na hora de ler PDFs. Como eles ficam centralizados na tela, em muitos caso a fonte fica bem pequena e atrapalha a leitura de quem não tem uma boa visão de perto. É possível aumentar dando zoom, e não aumentando a fonte, como nos formatos adequados para ebooks, como o ePub. Só que aí será preciso ficar dando scroll na tela, o que é bem chato. Se você pretende fazer uso de uma biblioteca de PDFs que já possui, é importante considerar sua acuidade visual. Na minha opinião, Kindle DX e iPad continuam na frente nesse sentido.
Celular com tablet ou tablet com celular?
Samsung Galaxy Tab

Outra dúvida dos leitores: é possível usar, no dia-a-dia, o Tab como celular? A resposta é: depende. Num dia-a-dia itinerante de trabalho e estudos, não há desconforto na convergência, desde que você esteja sempre com seu fone bluetooth ou com fios. A Samsung já entrega ambos os fones na compra do tablet. É o mesmo que carregar por aí uma agenda ou pequeno livro, que servirá para tudo: organizador pessoal, navegador, livro, tocador multimídia e telefone. Se você já carrega tudo isso por aí diariamente, o tablet é um unificador muito bem-vindo.
Só que, evidentemente, na hora de passear, jantar fora, pegar um cinema ou ir pra balada, você só vai querer levar, no máximo, um celularzinho pequeno. E é aí que o Tab dá um pontapé no iPad: você pode alternar o mesmo chip entre ele e um celularzinho qualquer, sempre que quiser. Uma única linha para voz e dados que funciona nos dois, sem essa de ter que comprar um chip à parte só para dados ou depender exclusivamente de wi-fi, como acontece com o modelo da Apple. O fato é que você tem mais liberdade de escolha de planos e pacotes. A Vivo vende o Galaxy Tab com pacotes de voz e dados, ou só de dados. Ou nenhum dos dois. Se você já tem um plano, é só colocar seu chip nele!
Se você adora tecnologia móvel, é fã do sistema Android ou quer aproveitar ao máximo um dispositivo convergente, ele é sua escolha. E bota convergência nisso: não é mais preciso smartphone e eReader, e dá para dar adeus à mochila caso você tenha uma rotina itinerante. Nas ocasiões onde você só quer levar um celularzinho no bolso, basta trocar seu chip de voz e dados.
Se você não quer se dar ao trabalho de intercalar chips, e só deseja um tablet para leitura de ebooks, jornais, revistas, um pouco de navegação e ver seus filmes favoritos na cama ou no sofá, o Galaxy Tab é muita coisa. Talvez o ideal mesmo seja um iPad fazendo dupla com seu atual celular ou smartphone. Ou então, aguardar o Playbook da RIM: a canadense está prometendo conexão nativa para quem já possui o Blackberry.

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